sábado, outubro 22, 2005

acontece

Acontece todas as noites
fatídica hora
o encontro entre a cabeça e o travesseiro
todos fogem
fico sozinha e a espuma não amortecerá
a queda do meu pensamento
declínio do desejo...
todas as noites eu experimento morrer
é a hora das constatações
quantas aranhas tecem neste labirinto?
os pequenos atrasos dos ponteiros
a mobilia empoeirada do cotidiano
o corredor comprido demais
colchão sem cama
alma sem cama
o corpo sem cama
Lá fora o mundo está pequeno
mas aqui dentro ele é grande e me perco
O cachorro está uivando para a lua inexistente
e o louco quer que eu o acompanhe
quem sabe qualquer madrugada
ao invés de sonhar
eu acordo

karla izidro