eu poderia esperar que você viesse
continuar naquela estação
observar os trens partindo e chegando
pessoas acenando e se abraçando
um dia depois de muitos
eu simplesmente entrei
e quando percebi a estação estava em movimento
enquanto eu permanecia do outro lado de fora
ou de dentro
da paisagem que se misturava
eu partía
sem qualquer aceno
Oribela esconde uma fera no fundo do seu armário. Cuidado ao tirar o laço de cetin. Um tigre ou um elefante com seus dentes de marfim, podem escapar de seu jardim. Senhoras e senhores cuidado com ORibela A moça prendada também pode ser uma fera Uma mulher subjugada não tem nada de bonito Guarda embaixo de sua saia uma fúria desvairada Cuidado com a mulher que teve sua língua ceifada Pode até ser educada na Suíça ou “sacre croer” Mas no fundo da garganta uma voz que não fala canta.
domingo, maio 28, 2006
sábado, maio 27, 2006
terça-feira, maio 23, 2006
Jorge Luis Borges
Borges e Eu
ESPAÑOL
O outro, o que chamam Borges, é aquele a quem as coisas acontecem. Caminho pelas ruas de Buenos Aires e paro por um momento, talvez algo mecânico, para olhar para o arco de corredor e para a ferraria elaborada no portal; sei de Borges pela correspondência, vejo seu nome numa lista de professores ou num dicionário biográfico. Gosto de relógios de areia, mapas, tipografia do século dezoito, o gosto do café e a prosa de Stevenson; ele compartilha dessas preferências, mas de um jeito vaidoso que as transforma em atributos de um ator. Seria um exagero dizer que o nosso relacionamento é hostil; eu vivo, me permito continuar vivendo, de forma que Borges possa produzir sua literatura, e sua literatura me justifica.Não é nenhum esforço para mim confessar que ele tenha atingido algumas páginas de valor, mas estas páginas não poderiam me salvar, talvez porque o que é bom não pertença a ninguém, nem mesmo a ele, mais provavelmente à língua e à tradição. Além disso, meu destino é perecer, definitivamente, e somente algum instante de mim pode sobreviver nele. Pouco a pouco, dou tudo a ele, apesar de totalmente consciente de seu costume perverso de falsificar e aumentar as coisas. Spinoza sabia que todas as coisas anseiam persistir sendo o que são; a pedra quer eternamente ser uma pedra e o tigre um tigre. Permanecerei em Borges, não em mim mesmo (se é verdade que sou alguém), mas reconheço menos de mim em seus próprios livros do que em outros muitos ou no hábil dedilhar de um violão. Anos atrás tentei me libertar dele e fui das mitologias aos subúrbios aos jogos como se dispusesse tempo infinito, mas estes jogos agora pertencem a Borges e eu tudo perco. E tudo pertence ao esquecimento, ou a ele. Não sei qual de nós escreveu esta página.
Jorge Luis Borges
ESPAÑOL
O outro, o que chamam Borges, é aquele a quem as coisas acontecem. Caminho pelas ruas de Buenos Aires e paro por um momento, talvez algo mecânico, para olhar para o arco de corredor e para a ferraria elaborada no portal; sei de Borges pela correspondência, vejo seu nome numa lista de professores ou num dicionário biográfico. Gosto de relógios de areia, mapas, tipografia do século dezoito, o gosto do café e a prosa de Stevenson; ele compartilha dessas preferências, mas de um jeito vaidoso que as transforma em atributos de um ator. Seria um exagero dizer que o nosso relacionamento é hostil; eu vivo, me permito continuar vivendo, de forma que Borges possa produzir sua literatura, e sua literatura me justifica.Não é nenhum esforço para mim confessar que ele tenha atingido algumas páginas de valor, mas estas páginas não poderiam me salvar, talvez porque o que é bom não pertença a ninguém, nem mesmo a ele, mais provavelmente à língua e à tradição. Além disso, meu destino é perecer, definitivamente, e somente algum instante de mim pode sobreviver nele. Pouco a pouco, dou tudo a ele, apesar de totalmente consciente de seu costume perverso de falsificar e aumentar as coisas. Spinoza sabia que todas as coisas anseiam persistir sendo o que são; a pedra quer eternamente ser uma pedra e o tigre um tigre. Permanecerei em Borges, não em mim mesmo (se é verdade que sou alguém), mas reconheço menos de mim em seus próprios livros do que em outros muitos ou no hábil dedilhar de um violão. Anos atrás tentei me libertar dele e fui das mitologias aos subúrbios aos jogos como se dispusesse tempo infinito, mas estes jogos agora pertencem a Borges e eu tudo perco. E tudo pertence ao esquecimento, ou a ele. Não sei qual de nós escreveu esta página.
Jorge Luis Borges
Enquanto estou no tear
Estou aqui.
Caminhando nessas praças,
distorcendo estas ruas,
dentro de câmaras escuras,
sentindo o frio.
Fio passando pela agulha
mãos de coser
tempo de morrer
mãos de plantar
tempo que virá
Caminhando nessas praças,
distorcendo estas ruas,
dentro de câmaras escuras,
sentindo o frio.
Fio passando pela agulha
mãos de coser
tempo de morrer
mãos de plantar
tempo que virá
segunda-feira, maio 22, 2006
Então eu perdi
Perdi minha identidade numa rua de novembro
"se esta rua fosse minha"
nada de pedras
nem perdas
para eu passar
Karla Izidro
"se esta rua fosse minha"
nada de pedras
nem perdas
para eu passar
Karla Izidro
domingo, maio 21, 2006
Derruir
Eu deixei que o seu mundo mentisse para os meus deuses
libertasse meus santos e espalhasse meus altares
Eu deixei que todo o seu mundo entrasse no meu quarto
deitasse em minha cama
e se misturasse com meus sonhos
Eu deixei o seu mundo se apoiar em meus ombros
E jogar meus escombros pra debaixo do tapete
Eu deixei a paisagem do seu mundo
ser mais bonita que a da minha janela
e pude ver estrelas sem moldura
Karla Izidro
libertasse meus santos e espalhasse meus altares
Eu deixei que todo o seu mundo entrasse no meu quarto
deitasse em minha cama
e se misturasse com meus sonhos
Eu deixei o seu mundo se apoiar em meus ombros
E jogar meus escombros pra debaixo do tapete
Eu deixei a paisagem do seu mundo
ser mais bonita que a da minha janela
e pude ver estrelas sem moldura
Karla Izidro
quarta-feira, maio 17, 2006
Onde estão os seus olhos negros que aprisionavam a noite,
os seus cabelos por onde se entranhavam meus segredos,
a sua boca em que se fazia meu canto?
Que ruas são essas que não me levam mais a você?
Quem são essas pessoas que me atravessam?
Por que a minha procura virou fantasia?
Eu já não sinto só saudade,espaço,buraco,vazio,perda,engano...
Eu sinto saudade daquele pequeno espaço entre a minha mão e a sua .
Karla Izidro
5:30 PM
os seus cabelos por onde se entranhavam meus segredos,
a sua boca em que se fazia meu canto?
Que ruas são essas que não me levam mais a você?
Quem são essas pessoas que me atravessam?
Por que a minha procura virou fantasia?
Eu já não sinto só saudade,espaço,buraco,vazio,perda,engano...
Eu sinto saudade daquele pequeno espaço entre a minha mão e a sua .
Karla Izidro
5:30 PM
Derruir
Eu deixei que o seu mundo mentisse para os meus deuses
libertasse meus santos
e espalhasse meus altares
Eu deixei que todo o seu mundoentrasse no meu quarto
Deitasse em minha cama
E se misturasse com meus sonhos
Eu deixei o seu mundo se apoiar em meus ombros
E jogar meus escombrospra debaixo do tapete
Eu deixei a paisagem do seu mundo ser mais bonita que a da minha janela
e pude ver estrelas sem moldura .
Karla Izidro6:54 PM
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