quinta-feira, fevereiro 24, 2011

Foi numa tarde com cafeína


                                                                                                                             
Depois de muitos anos uma tarde com cafeina, vários expressos para confessar um "sentimento quântico"que segundo o Joaquim Nascimento mineiro perdido no sul, não tem como caber nessa realidade.A realidade é transmitida em tela plana,acreditamos apenas no que vemos,e sentimos e juramos que isso é a mais pura verdade,adotamos leis que nos façam sentir seguros,quebramos regras desde que elas também possam ser formatadas,enquadramos amizades,trocamos ágape por qualquer inutilidade que não nos exija tanto esforço.
"A chuva cai fininha em meus ombros",cantarolo,nimbus acumuladas de mágoas e palavras sem alma nublam a cidade,
não existe guarda-chuva para lágrimas,
meu sentimento quântico se espalha na borra do café,
preciso de mais uma xícara,as palavras saem,como se soassem pela primeira vez,mas logo elas misturam-se ao ruído exterior da cafetería, a chamada do celular,as bandejas raspando no balcão,colheres caindo,pessoas rindo,a xícara esvazia-se,e eu percebo que falo para mim mesma,o segredo retorna porque não cabem em mais nada além do silêncio, o último gole,ninguém entra pela porta...
Do lado de fora a rua xv,o ônibus amarelo,e as palavras voltam para casa.