De tudo que se passou, me pergunto: Ficam-se os dedos? Na catalepsia a mente mais viva que nunca previu o velório para os seus ossos. Na hora derradeira ainda gritei mudo – não me enterrem, não. Vão-se os anéis... A tampa se lacrou com o grude da ignorância. Foi quando senti o gosto quente da primeira pá de areia cimentando o incontível silêncio das despedidas. “Se eu morrer hoje, amanhã faz dois dias...”.
Aluisio Martins
Insônia
Seu travesseiro ao lado
mudo
minha imaginação alada
vociferante
Deste lado a festa já acabou
espero sentada
tomo um chá de cadeira
Enquanto ventanias sussurram
janelas rangem
E a porta não abre
a dor que sinto e te delata não é bem no cotovelo...
Vão suas mãos
restam meus dedos
não consigo me dobrar
até sugar meus seios
As lágrimas apagaram minha maquiagem
e o espelho riu de mim
o vestido resolveu voltar pro armário
a chama apagou
a cidade acordou
acho que agora
a espera acabou
Karla Izidro
Oribela esconde uma fera no fundo do seu armário. Cuidado ao tirar o laço de cetin. Um tigre ou um elefante com seus dentes de marfim, podem escapar de seu jardim. Senhoras e senhores cuidado com ORibela A moça prendada também pode ser uma fera Uma mulher subjugada não tem nada de bonito Guarda embaixo de sua saia uma fúria desvairada Cuidado com a mulher que teve sua língua ceifada Pode até ser educada na Suíça ou “sacre croer” Mas no fundo da garganta uma voz que não fala canta.
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